quarta-feira, 30 de dezembro de 2009
Uma de doze
Sou jornalista. A minha ferramenta é a língua mátria, tenho orgulho nela, esmero-me para usá-la com mestria. Não peço poesia, só um português escorreito. Se rezasse creio que seria por manter essa capacidade que rezaria. E saúde talvez, que dá sempre jeito. E amor, claro, mas é esse é outro campeonato.
Vê-la mal utilizada - a nossa língua - dói-me na alma. E não falo sequer da escrita com K ou das abreviaturas de miudagem fofinha (blargh!) que atira 'miga' e 'bigado' a torto e a direito - como se, em vez de pouparem nos trocos que trazem no bolso, andassem a poupar em letras...
Falo de um há com agá onde devia estar sem agá e sem agá quando devia tê-lo. Um 'disse a ele' em vez de 'disse-lhe', que isto de conjugar o reflexivo parece que é mais difícil do que atingir o topo do Anapurna. 'Você' e 'conhece' e outras palavrinhas assim, todas cedilhadas como se fosse fino andar de perninha pendurada em cê que se preze. Um 'gostas-te' no lugar de 'gostaste', que o hífen também deve estar em saldos.
Cruzar um texto e encontrar um 'intristesse' e ficar eu entristecida. Ler os comentários a um blogue e encontrar a palavra 'rigozija', já de si estropiada e, ainda por cima, fora de contexto, claramente quem a usa não sabe o que significa.
Podia continuar a somar exemplos, tantos deles saídos das mãos de outros jornalistas que, supostamente, também levam esta profissão a sério. Mas são farpas que se cravam no meu brio corporativo e não quero entrar em 2010 ainda a sangrar.
Será tolice minha usar uma das doze passas da meia-noite para pedir que cada português se esforce no novo ano por não estropiar diariamente a língua materna? Talvez não. Afinal, pedir não custa, certo?
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7 comentários:
Muito bem, também alinho nessa uva-passa, mas sem acordo ortográfico... É possível?
Pois... Escreve-se mal e fala-se pior. É uma tristeza, e não me parece que a coisa tenda a melhorar :(
Contra mim falo, que sou aprendiz de feiticeira, nesta arte mágica que é a escrita. No trabalho, o que me custa, é olhar para os lados e não ver ninguém com quem possa aprender alguma coisa. Noutros tempos via-te a ti, e outros como tu.
eu, que até nem faço grandes erros, a não ser espalhar vírgulas como passas pelos textos... acho que estás a ficar parecida com a edite estrela... mas enfim, já que não podes ser o isaltino, que sejas a edite.
P.S. escrevi em caixa baixa propositadamente, e as reticências também são de propósito. não preciso de tau-tau
olá ana, vim cá ter por acaso, via blog da lina e se calhar volto mais vezes.
não sei se te lembras de mim, cruzámo-nos vai para uma data de anos, na visão.
parabéns pelos textos. sem erros :)
Ainda bem que não dás erros... Eu dou alguns, mas, pelo menos, tenho por hábito carregar no corrector (dicionário). Quanto àquelas de palmatória, está cá!!!
Beijão
Anónimo, sem acordo. Combinado.
Martinha, sempre às ordens :-)
Mana, eu vi q era de propósito, ora!
Mena, deixa de andar a espreitar blogues e manda-me crónicas! ehehe estou a brincar. bem-vinda!
rodinhas da tia, bjinhosssssssss
ah, e bom ano para todos, pois claro!
Ana depois deste post espero que não te entristeça o facto de eu no meu blog por vezes não corrigir o meu português, não é por nada em especial mas por vezes o cansaço faz-me não voltar a trás para corrigir o que está menos bem, adoro ler-te és simplesmente fantástica. Beijinho da amiga Claudisabel
P.s. Espero poder considerar-me uma amiga claro ;)
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