domingo, 20 de maio de 2012

Arruma-me entre livros



Arruma-me entre livros
E esquece-me 
Deixa-me acumular pó e tempo

Serei apenas um
retalho de memória
mastigado pelas térmitas 

Uma página virada
sem apelo
nem agravo 

Arruma-me na prateleira
dos romances
de cordel,
encostada
à Barbara Cartland
e à Corin Tellado

Terei a eternidade
para aprender
a gostá-las

domingo, 13 de maio de 2012

Glosando



Prometeste-me uma eternidade miudinha
deste-me um dia e uma noite

De miudinha só a chuva
que caía
despedindo-se do inverno

E escondendo as lágrimas
que, teimosas,
insistiram em cair

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A mão



A mão aberta
suspende-me o medo
ampara-me as noites
agarra na minha
sem a tocar

A mão sempre aberta
que procuro
no meio dos sonhos
no meio do sexo

A mão aberta
e para sempre caída
no alcatrão quente
da memória