quarta-feira, 29 de abril de 2009

Campo de batalha



A Natureza é assim. Há sempre uns que ficam pelo caminho, tombados no campo de batalha dos dias. Nada disso me surpreende ou assusta, já perdi a minha dose.

Ainda assim, depois de um mero dia de ausência, foi estranhamente triste regressar ao meu T0 sobre a avenida para descobrir um dos bebés-pombos tombado num canto do ninho, patas no ar - a mãe ou o irmão o terá empurrado quando não vingou.

Agora ali está, há uns dias, à espera que todos voem e eu arrisque o meu pescoço no parapeito do quinto andar para varrê-lo. Dar-lhe a hipótese de um enterro mais digno, talvez um varredor de ruas dele se apiede e lhe conceda um último voo rasante até uma estrumeira solarenga.

O mano? Cada vez mais forte, batendo já o projecto de asas num frenesim quando a progenitora surge para o alimentar. Ela, por instantes, bico bem aberto, parece que tenta matá-lo também, engolindo-lhe a cabeça.

É fascinante ter uma janela virada para um reality show da Natureza, e tenho sempre a sensação de que David Attenborough vai aparecer a qualquer momento a explicar este ou aquele detalhe. Mas, ao mesmo tempo, não consigo esquecer um pequeno detalhe. Detesto pombos...

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