quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Princípio, meio e fim


Na mesa de cabeceira há um livro que se arrasta pelo que resta do verão. Um livro que não me convence de todo e que, ainda assim, não consigo abandonar. De cada vez que o volto a pousar, cansada de tentar tirar dele prazer, renego-o. Garanto que amanhã, na hora de me aninhar na almofada de óculos no rosto, farei outra escolha, avançarei para mais verdes pastos.

E, no entanto, quando a alma diz que é hora de ler, a mão continua a esticar-se na direcção do topo da pilha e a agarrar o mesmo livro. Talvez hoje consiga dar cabo dele, já falta menos de metade, digo de mim para comigo, optimista inveterada, o que tantas vezes não ajuda. E, ali a jeito, outras opções, várias garantidamente mais entusiasmantes, algumas na fila de espera há meses, tantos que chego a sentir-me o sistema nacional de saúde.

Acho que também sou assim noutras coisas. Não sei desistir a meio, tenho que levar o processo até ao fim, ficar com a certeza sobre se valeu ou não a pena. E, se não valeu, poder arrumar na prateleira sem crises de consciência ou dúvidas mais ou menos metódicas. Não sei viver de outro modo, que querem...

3 comentários:

Vanita disse...

Sobrinha e tia, feitas da mesma substância. Coragem, falta pouco :)

je disse...

sendo que "pouco" é igual a 88 páginas de tortura...

Sofia disse...

que continues assim...