quarta-feira, 11 de abril de 2012

Presente mais-que-perfeito


Gosto de chegar a ti
quando o sol se põe,
o lusco-fusco se instala,
quando atravessamos em pontas
o limbo entre o dia e a noite

Gosto de chegar até ti
na hora em que os gatos são pardos
e os cães fazem silêncio

Quando não é amor nem ódio,
nem rio nem mar,
e os meus pés estão
na areia húmida,
ainda não na água

As minhas mãos
a milímetros do teu rosto
e ainda não o tocam

Chegar a ti
quando a meio entre
o que ainda não somos
e o que um dia seremos,
presente mais-que-perfeito

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