quinta-feira, 25 de abril de 2019

Vejo cravos

Vejo cravos vermelhos
até na rosa mais branca
como vejo nas amarelas azedas
do campo
que apanhei para a mãe
no caminho de casa
naquele dia primeiro

Vejo cravos vermelhos
nas papoilas cantadas, grito vermelho
num campo qualquer
Espero por elas todos os anos
como não sabia que esperava cravos
como não sabia que sabia cravos
nas noites em que ouvia o pai
falar mais baixinho

Vejo cravos
nos dias de sol
e nas manhãs claras
e nas noites de poderosas tempestades

Vejo cravos,
cravos vermelhos, quando acordo
para a luta de todas as horas
e quando adormeço o corpo cansado
de ser gente
e ser mulher
e ser guerreira
e ser sabedora de que a luta
está longe de acabar