Peço escusa, sr. dr. juiz,
Peço escusa à dor
que a conheço de outros carnavais
Peço escusa ao abismo negro
das lágrimas
Ao portão imenso
que delimita a minha loucura
Peço escusa
encarecidamente
sr dr juiz
à negritude de alma
que sei como tolda a vida
Peço escusa ao sofrimento
auto infligido
Prefiro a infinita ingenuidade
de achar que todos os dias
são recomeços
e todos os dias posso fingir que sou feliz
E todos os dias posso dar
chapadas de luva branca aos que choram
e se lamentam
e se arrastam
Como me arrasto por dentro
quando me permito
ser apenas eu
Peço escusa sr. dr. juiz
às chaves da minha angústia
Prefiro os muros altos que criei
e a solidão que significam
à compaixão que abomino
1 comentário:
As desculpas têm aquele sentimento de solidão a pairar entre cada linha. Como é bela e triste, essa sensação!
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