quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Querido Pai Natal...


Abro blogues de miúdas e, um após outro, surgem recheados de cartinhas ao Pai Natal, umas mais pedinchonas do que outras - a esperança de que alguém generoso as leia fica algures entre o absurdo e o comovente.

Aqui a mala de marca, ali o novo telemóvel, acolá o perfume das estrelas... E, para evitar enganos, não faltam as fotos que ilustram o objecto desejado, não vá o Pai Natal andar a ficar pitosga e trocar a Vuitton pela Chanel, o Nokia pelo Alcatel, o mega-fantásticó-coiso pelo toma-lá-e-não-digas-que-vais-daqui.

Elas vão odiar-me por instantes - mas a verdade é que, por instantes também, sinto pena. Pena de ver-lhes os desejos reduzidos aos pseudo-luxos que o marketing lhes inoculou nas veias. E depois sobrevém a curiosidade. E tento fazer o exercício patético de criar a minha própria cartinha ao Pai Natal.

"Querido Pai Natal, este ano fui uma boa menina e, se não te importares muito, agradecia que metesses no meu sapatinho..." Bem, que metesses no meu sapatinho...

E só me ocorrem coisas que não se compram nas lojas. Só me ocorrem coisas que me fazem arrepiar o sangue nas veias. Só me ocorrem pedidos patéticos, como fazer com que o tempo volte para trás e pare ali por mais uma hora, um dia, uma migalha de tempo para dizer qualquer coisa que tivesse significado; fazer com que aqui e ali se pudesse ainda virar à direita em vez de à esquerda e talvez tivesse sido diferente; fazer com que amanhã embandeire o arco-íris em que acredito piamente, estúpida optimista incorrigível, não havia outra característica de personalidade mais prática que me pudessem ter injectado na carga genética...

Não suporto este Natal pequenino. Desculpem lá, miúdas. São umas queridas. Mas as vossas listas de pedidos ao tipo das barbas dão-me vontade de chorar, que querem...

4 comentários:

Vanita disse...

Querida tia,

Como a compreendo tão bem. Se o Pai Natal fosse essa figura que nos ensinam em crianças, também eu lhe pediria o que mais quero na vida: saúde e alegria, para mim e para os meus (a tia incluída). Acontece que o Pai Natal não está aos comandos do universo. Acontece também que esta sua sobrinha não muito dada a marcas e aparências mas usa o blogue para se distrair da realidade que às vezes dois. E se um jogo para me ensinar a dançar me pode trazer alegria - um dos meus desejos! - bora lá pedir o jogo ao Pai Natal.

Eu sei que a tia sabe estas coisas, mas apeteceu-me explicar. Para fingir que fiquei picada, entende ;)

Kissesssss

Vanita disse...

*falta um "é" e o dois é "dói" loool

je moi même disse...

o Pai Natal acaba de me dar um prendinha - a querida sobrinha editou o seu próprio texto. Ela faz-se! eehhehe e a tia até alinha a aprender a jogar o joguinho da dança, boa?

Vanita disse...

Isso é que é de valor. Tudo a pular e a dançar :)