
O resto da chuva da manhã deixou os passeios brilhantes. Uma coisinha de nada, uma nesga de sol, reflectiu por entre os meus passos o que me pareceu uma moeda. Atentei o olhar. Não era.
E dei por mim a pensar: encontrei tantas moedas, até notas, notas de 20 escudos, todas dobradinhas, aí pelas ruas, na minha adolescência. Avistava-as à distância, no chão, e espantava-me com a minha sorte. De há uns dez anos para cá que não me recordo de encontrar uma que seja - excepção feita a duas ou três em casa, durante uma mudança. Estarei mais alta? Com a mente ocupada demais para ver onde piso? Ou andamos todos tão tesos que já nem nos podemos dar ao luxo de perder moeditas pelo caminho para eu as encontrar?